Hoje, 17 de Maio, assinala-se o Dia Mundial da Neurofibromatose, uma doença genética em que se formam tumores no tecido nervoso, denominados neurofibromas, que resultam principalmente em sinais cutâneos e neurológicos que afectam a qualidade de vida dos doentes.
Diferentes tipos de Neurofibromatose
Existem três tipos de neurofibromatose diferenciados de acordo com o gene causador envolvido:
97% dos doentes têm neurofibromatose tipo 1, causada por alterações no gene NF1, que codifica uma proteína chamada neurofibromina 1, responsável pela proliferação celular. O seu principal sinal é a presença de manchas café-com-leite à nascença ou manchas que aumentam de tamanho e número com a idade, sendo este o principal critério de diagnóstico da doença. Os doentes também apresentam sardas axilares ou inguinais, neurofibromas cutâneos, subcutâneos ou plexiformes (tumores que afectam as raízes nervosas espinais).
A neurofibromatose tipo 2 é causada por alterações no gene NF2 que codifica uma proteína chamada merlin, que está envolvida no movimento e na proliferação das células. Inicia-se normalmente na adolescência e o seu principal sinal é o aparecimento de schwannomas (tumores das bainhas nervosas) que afectam ambos os nervos vestibulares, causando perda de audição e surdez.
Por último, a schwannomatose é diagnosticada na segunda ou terceira década de vida e a característica de apresentação mais comum é a dor localizada ou difusa ou uma massa assintomática. Os schwannomas afectam mais frequentemente os nervos periféricos e espinais e as alterações genéticas encontram-se nos genes SMARCB1 ou LZTR1.
Os três tipos de neurofibromatose seguem um padrão de hereditariedade autossómico dominante, ou seja, basta uma única cópia do gene mutado para desenvolver a doença.

Diagnóstico. Papel dos estudos genéticos
O diagnóstico da neurofibromatose baseia-se em critérios clínicos e moleculares. As manifestações da doença podem ser muito variáveis entre doentes, mesmo dentro da mesma família, e muitas delas podem também ser características de outras doenças, razão pela qual um estudo genético é essencial para um diagnóstico correcto.
Os testes de diagnóstico genético analisam o ADN do doente para detectar mutações nos genes que podem causar a doença. A identificação da mutação, para além de confirmar a suspeita clínica, permite um aconselhamento genético familiar adequado e a identificação de outros familiares afectados, uma vez que 50% dos doentes herdaram a mutação dos pais.
A neurofibromatose continua a ser uma doença incurável cujo tratamento se baseia numa abordagem multidisciplinar para controlar as diferentes manifestações clínicas. Por conseguinte, é fundamental dispor de um diagnóstico clínico e molecular precoce correcto para poder seguir e monitorizar adequadamente estes doentes, com o objectivo de antecipar ou reduzir os sintomas que possam surgir e melhorar a sua qualidade de vida.
- https://www.elsevier.es/es-revista-medicina-integral-63-articulo-neurofibromatosis-13015324
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/
- https://www.orpha.net/
- Sanchez LD, Bui A, Klesse LJ. Targeted Therapies for the Neurofibromatoses. Cancros (Basileia). 2021;13(23):6032.